sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sou uma bruxa porque...

Sempre que abro os olhos ao despertar, me emociono por mais um dia para viver, livre e comprometida com as coisas e as causas da Grande Mãe. Neste momento procuro refletir a respeito dos tantos dias que nos foram tirados, por inveja, injúria e cobiça e peço luzes e força a Deusa Mãe para o dia de hoje.

Sou uma bruxa porque ao abrir as janelas e respirar o ar da manhã, agradeço a Deusa pelo dom da vida, e celebro o pai ar pela sua presença em mim.

Sou uma bruxa porque ao me alimentar, celebro aquele bendito alimento e bendigo todos aqueles que contribuíram com seu trabalho para que o mesmo chegasse a minha mesa.

Sou uma bruxa porque sempre de alguma forma renasce o amor em mim, e minha alma agradecida transmite luz.

Sou uma bruxa porque sempre me envolvo e me comprometo a serviço da justiça e da paz no mundo.

Sou uma bruxa porque estou sempre insistindo em abrir as portas do meu coração para transmitir os ensinamentos dos antigos e facilitar o despertar da grande arte nos corações dos que me cercam.

Sou uma bruxa porque estou sempre acendendo um fósforo sem maldizer a escuridão.

Sou uma bruxa porque busco a verdade sem jamais me conformar com a mentira e o subterfúgio.

Sou uma bruxa sempre que renuncio ao egoísmo e procuro ser generosa.

Sou uma bruxa quando sorrio para alguém, mesmo estando muito cansada, pois conheço o valor do sorriso.

Sou uma bruxa quando preparo um chá que vai curar, ou pelo menos amenizar a enxaqueca daquela vizinha chata.

Sou uma bruxa quando tomo um animal em meu colo para lhe amenizar a dor.

Quando planto e colho uma erva e agradeço a Gaia por tamanha dádiva.

Sou uma bruxa quando persigo a luz de uma estrela com o olhar e o coração nas trevas que nos circundam.

Quando levo a fé nos Deuses por entre linhas, apenas com minhas ações.

Sou uma bruxa quando em rijo, sinto o rio do sangue da vida que escoa nas minhas entranhas.

Quando sou fogo que estimula o coito, e água que transforma e modifica cursos.

Sou uma bruxa porque me aconchego no seio sagrado da terra, voltando ao colo sagrado.

Quando abro o circulo invocando os ventos do norte, buscando no canal dos antigos o néctar do renascer.

Sou uma bruxa porque quando falo em liberdade me sinto águia. Quando falo de sabedoria me sinto coruja e quando falo do belo me sinto arara.

Sou uma bruxa porque estou sempre atenta ao perfume, que não posso derramar no próximo sem que também me atinja e a lei tríplice se faz em mim.

Sou uma bruxa quando vivencio o sabor do pão partilhado. Quando procuro pedir perdão e recomeçar.

Sou uma bruxa quando me recolho ao silêncio perante um julgamento preconceituoso ou injusto a meu respeito, entrego ao tempo. Único polo óptico da verdade imutável.

Sou bruxa quando desenvolvo em meu ser a humildade de viver e morrer como o grão de trigo, para depois frutificar searas de luz, de tenacidade e esplendor.

Sou uma bruxa porque estou sempre ressurgindo das cinzas como Fênix. E assim, retomar a minha vivência concreta, cujo itinerário principal é a minha Deusa interior, forte, guerreira, translúcida, serena e amorosa a despertar em mim.

Por tudo isso sou uma bruxa!

(Graça Lúcia Azevedo)