Lucidez?
Não, eu não a quero
Quero a falta de clareza
O turbilhão de pensamentos
Que revira a minh'alma
Colhendo a doçura que há em mim
E fazendo o que se é insuportável brotar
Não quero a mansidão de um lago
Quero ondas revoltas
Imensas
Adentrando, destruindo
Enquanto eu da vida
Vou desdenhando
Não quero que me entendam
Que me aceitem
Eu não preciso
A minha loucura não cabe
Nesse mundo de dissimulação
A minha loucura não abriga
Falsa compreensão
Eu quero o silêncio das palavras
E o grito calado dos que assim como eu
Esperam obcecados por um milagre
Um castigo
Um fim
Não quero aliados
Nem a companhia de alienados
Todos mergulhados
No excremento da alma
E na insanidade da calma
Iludidos
Por seus versos pérfidos
Quanta estupidez
Quem sabe lucidez
Contradição que se impõe
E que aos poucos
Me decompõe...
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